terça-feira, 27 de novembro de 2012

Concepções sobre procedimentos pedagógicos, formação docente, disciplina em sala de aula e aprendizagem, sob a ótica de duas profissionais da área da educação nos dias atuais, com suas dificuldades e vantagens.

Entrevistas realizadas em 09 e 12/11/2012 com a professora Sidinea - formada em Pedagogia  em 1989, professora há vinte anos e vice-diretora há três anos de uma escola estadual da cidade de Jundiaí - e com a professora Aline - formada em 2010 em Pedagogia, atua há quase dois anos na 1ª série do ensino fundamental de uma escola municipal da cidade de Jundiaí - respectivamente.

1-) Na sua concepção, qual a crítica que você faz à escola tradicional e a Escola atual?
Profa Sidinea 
A escola tradicional era uma escola excludente, onde poucos tinham acesso e conseguiam concluir o ensino fundamental, sem falar no médio, que era mesmo a minoria e a classe mais privilegiada da sociedade que tinha acesso. A metodologia utilizada se baseava no fato do professor ser o dono do conhecimento absoluto e os alunos apenas absorviam esse conhecimento sem interagir com a realidade e o mundo em que viviam.
A escola nova permitiu o acesso a toda a classe social, tanto os pobres e mais marginalizados da sociedade tem hoje a oportunidade de frequentar a escola nova. O professor utiliza metodologia baseada na construção do conhecimento pelo aluno, através da vivência do seu cotidiano e do mundo ao seu redor. A critica é que muitos docentes ainda não estão preparados para a utilização dessa metodologia, ficando assim, perdidos na sala de aula, misturando um pouco das duas: tradicional e nova. O que também não é ruim desde que possa aproveitar o que cada um oferece de positivo.
Profa Aline 
A escola tradicional contribuiu para alfabetização à sua época, pois quando foi aplicado o tempo era outro, eram outras crianças, outra realidade, se fosse aplicada hoje, acho que iria limitar muito o conhecimento das crianças, tendo em vista que as crianças de hoje convivem com computadores, telefones celulares, meios de comunicação avançados que não existiam na antigamente.
As crianças de hoje em dia não necessitam mais de cartilhas, pois possuem o conhecimento além do “bê a bá”, ensinar isso atualmente ficaria sem sentido para o aluno, levando em consideração seu conhecimento prévio.
O escolanivismo contribui para uma educação ativa e não mais passiva como vinha sendo, e também para os índices de analfabetismo que diminuíram à época, mas ainda assim existia uma separação entre as classes sociais, onde quem tinha maior poder aquisitivo eram os que também conseguiam seus privilégios na continuidade dos estudos.
Os dois modelos de educação contribuem para a história da educação cada uma a sua época, e com suas especificidades e necessidades.

2-) Ainda há, na escola tradicional elementos positivos que poderiam ser resgatados?
Profa Sidinea 
Sim, com certeza. O respeito pelo professor, à valorização da escola e a autoridade do professor na sala de aula.
Profa Aline 
Acredito que em caso de crianças especiais ou com déficit de aprendizagem, seria possível trabalhar com o método tradicional, embora eu não tenha tido essa experiência.

3-) Existe ainda em crianças da educação infantil o hábito de chamarem a professora de “tia”. Você acha que isso ainda representa a desvalorização desta profissão?
Prof. Sidinea 
Sim, pois o aluno tem que aprender desde cedo que professor é professor e tia é tia, nós estudamos para estar ali, educando o aluno e devemos ser respeitados e valorizados como profissional importante na vida dele e na sociedade, pois o professor é o profissional de que todos precisam, sem exceção.
Profa Aline 
Na educação infantil, a criança chamar de tia uma professora não interfere na função e na intenção de aprendizagem, isso não muda em nada a didática do profissional, por outro lado, acredito que partindo dos pais a iniciativa de chamar de tia o educador, esses sim, não estão valorizando o trabalho dos mesmos.

 4-) Para você, qual o significado da frase de Reboul: “Todo professor é professor de moral, ainda que o ignore.”
Profa Sidinea 
Nós professores estamos criando pessoas para viver em sociedade, pessoas de caráter, passamos tudo aquilo que aprendemos, os hábitos, costumes, a cultura e a moral que pensamos ser o certo, adotados pela nossa sociedade. Vejo que hoje em dia, o professor tem sido muito penalizado pela falta de respeito, pela desvalorização da profissão, pela sociedade e isso deve ser resgatado, pois todos os profissionais que temos hoje passaram pela escola.
Profa Aline 
Acredito que nem todos os professores reconhecem que moral se ensina na escola também, infelizmente há muitos deles que ainda acreditam que moral, deve ser ensinado em casa pela família, porém o simples fato de termos a moral interiorizada, já estamos compartilhando com o aluno nossos saberes sobre o assunto sem nos dar conta disso.

5-) Quais dificuldades você enfrenta na atual estrutura escolar quando se fala em criatividade?
Profa Sidinea 
A falta de vontade dos alunos em pensar e usar a criatividade, dar o melhor de si em cada aula e no seu cotidiano. Os alunos não levam mais a sério a escola como era antes, têm preguiça de pensar, estudar, ir atrás do que quer, pois hoje em dia é muito fácil passar de ano, com a internet e as novas tecnologias existentes o aluno encontra tudo muito rápido, fácil e pronto.
Profa Aline  
A minha maior dificuldade é o tempo para a preparação de algo mais criativo, sempre penso em coisas criativas, aulas criativas, mas pela falta do tempo que é exigido, e pelas metas que devemos cumprir, eu não consigo conciliar criatividade com tempo.

 CONTRAPONTOS DAS RESPOSTAS
Na primeira questão, onde se aborda concepções e críticas aos dois tipos de escola, a tradicional e a atual, as duas professoras concordam que a escola tradicional excluía a maior parte da população, sendo assim, só a classe mais privilegiada tinha acesso e apenas a minoria conseguia concluir o ensino médio, mas discordam quando se fala na questão dois, que de alguma maneira estes métodos ainda possam ser utilizados.
A professora Aline acredita que estes métodos não tem sentido para as crianças diante da tecnologia em que vivem no mundo de hoje. A professora Sidinea observa que ainda existem docentes que trabalham com os dois métodos e que a escola tradicional ainda nos traz a valorização e autoridade do professor dentro da sala de aula.
Na questão número três, onde se aborda o fato das crianças da educação infantil chamarem os educadores de tia, a professora Aline ressalta que isto apenas influencia quando os pais o fazem, ao contrário da professora Sidinea, pois segundo ela, este valor deve ser ensinado desde cedo para que sejamos reconhecidos pela criança que somos um profissional importantíssimo para a sociedade, pois todos os profissionais que temos hoje passaram pela escola.
Na questão numero quatro, as duas professoras concordam com a frase de Reboul: “Todo professor é professor de moral, ainda que o ignore”, pois elas acreditam que a moral também é passada na escola e não só dentro de casa através da família, mais sim através do convívio com os alunos e pessoas no seu cotidiano e principalmente com os professores, pois eles já têm a sua moral interiorizada.
Na questão cinco as principais dificuldades que a professora Aline enfrenta na estrutura escolar quando se fala em criatividade é o tempo para a preparação de aulas dinâmicas, práticas, isso é, aulas em que as crianças poderão usar e expor as suas criatividades. Já para a professora Sidinea, as principais dificuldades é a falta de vontade dos alunos, a preguiça de pensar, a falta de interesse pela escola e pelo conteúdo dado pelos professores, pois para ela, hoje em dia, com a internet e as novas tecnologias os alunos encontram tudo muito rápido.










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